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Petrobrás distribui máscaras a trabalhadores de plataformas que não atendem normas da Anvisa

Sindipetro-NF flagrou trabalhadores com máscara não aprovada pela agência

Por RJNEWS em 25/06/2021 às 11:20:25

Petroleiros que aguardavam embarque para plataformas da Bacia de Campos no aeroporto do Farol de São Tomé, em Campos dos Goytacazes, receberam da Petrobrás máscaras do tipo PFF2 com válvula, que não atendem às normas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para evitar a disseminação da Covid-19. O flagrante foi feito por diretores do Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense (Sindipetro-NF), filiado à Federação Única dos Petroleiros (FUP).

Desde 25 de março, o uso da máscara N95 ou PFF2 com válvula de expiração foi proibido em aeroportos e aeronaves. A regra foi aprovada pela Diretoria Colegiada da Anvisa por meio da resolução nº 477, que alterou a resolução n° 456, de 2020.

Segundo especialistas, esse tipo de máscara filtra partículas do ar externo quando a pessoa inspira, mas permite que elas escapem pela válvula quando ela expira. Ou seja, se a pessoa estiver infectada, pode expelir gotículas com o vírus ao expirar, colocando em risco quem estiver em seu entorno.

O Sindipetro-NF entrou em contato com a Petrobrás para cobrar explicações, e a empresa alegou que esse modelo de máscara não estaria no contrato. Entretanto, cabe à Petrobrás fiscalizar o fornecimento de equipamentos.

Além disso, a distribuição, pela companhia, de máscaras N95/PFF2, mais eficazes na proteção contra as variantes mais contagiosas do coronavírus, continua falha. O sindicato disponibiliza máscaras no modelo adequado há meses, para que os trabalhadores possam embarcar com segurança em seus voos. E continua fiscalizando o cumprimento das normas pela Petrobrás.

"A solução é simples, mas a gestão da Petrobrás continua ignorando o que deve ser feito. São controles falhos, proteção insuficiente, desrespeito a normas básicas, além da mudança de escala sem consulta ao Sindipetro-NF e aos trabalhadores. Com isso, os casos de Covid-19 entre os petroleiros só fazem aumentar, e a contaminação nas plataformas segue crescente", alerta Tezeu Bezerra, coordenador geral do sindicato.

Na terça (22/6), o Sindipetro-NF encaminhou à Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) documentos que comprovam as denúncias feitas durante audiência pública para debater as condições de saúde dos petroleiros durante a pandemia. O sindicato mostra que mais de 71% dos casos de contaminação por Covid-19 ocorreram por disseminação a bordo das plataformas.

USO DE IVERMECTINA VIRA DENÚNCIA NO CREMERJ

O Sindipetro-NF irá denunciar ao Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro (Cremerj) os médicos da Petrobrás que receitaram ivermectina a petroleiros contaminados por Covid-19 em plataformas da empresa e também a contactantes. O sindicato recebeu receitas de trabalhadores com o medicamento prescrito.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) condena o uso de ivermectina no tratamento da doença. Além da comprovada ineficácia, a droga causa efeitos colaterais. A insistência neste tratamento contraria não apenas os protocolos dos órgãos de saúde mundial: a farmacêutica Merck, que fabrica o medicamento, declarou em comunicado oficial que, na análise de seus cientistas, não há eficácia em seu uso para a Covid-19.

A gestão da Petrobrás alega que o remédio não integra seus protocolos médicos para a doença. Entretanto, a companhia não pode se eximir da responsabilidade de que profissionais de saúde a seu serviço estão receitando um medicamento inócuo e que traz riscos à saúde de quem o utiliza.

No momento em que a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) investiga a falta de ação do governo federal no combate à pandemia e sua irresponsabilidade ao propagar medicamentos preventivos contra a Covid-19 – entre eles, a ivermectina –, não se pode desconsiderar que a gestão da Petrobrás autorize tal uso, já que a empresa é controlada pelo governo e pode estar adotando a mesma postura negacionista em relação à doença.

"Mais de 15% dos trabalhadores da Petrobrás já foram infectados por Covid-19, um percentual muito alto se compararmos com a média de contaminação na população brasileira. E o número de contaminados é ainda maior, porque o boletim oficial do MME (Ministério de Minas e Energia) não leva em consideração trabalhadores terceirizados, que também sofrem bastante com o descaso da gestão da empresa. A cada semana recebemos notícias de mortes pela doença que não entram nos números oficiais. Esta semana o boletim do ministério aponta 47 mortes, mas temos informações de mais de 80 trabalhadores que perderam suas vidas para a Covid-19", reforça Deyvid Bacelar, coordenador geral da FUP.

Fonte: Imprensa FUP

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