Caso Daniel Alves e a quase certeza (dele) de impunidade

Na manhã desta quinta-feira (22) o ex-jogador Daniel Alves foi condenado a quatro anos e meio de prisão, por agressão sexual em Barcelona, em determinação da juíza Isabel Delgado Pérez, da 21ª seção da audiência de Barcelona.

Vários detalhes chamam atenção nesse caso, primeiro que foram as quantidades de vezes que o Daniel mudou suas versões para a polícia. Ao todo, foram 5 vezes que mudou o seu depoimento. No princípio, ele afirmou que não conhecia a vítima. Em seguida, ele disse que conheceu a garota no banheiro da boate, mas que nada aconteceu. Quando confrontado com evidências biológicas, Daniel mudou novamente sua versão dos acontecimentos, dizendo que ela havia feito sexo oral nele consensualmente.

Em abril de 2023, na sequência dos resultados de novos testes biológicos, o brasileiro admitiu pela primeira vez que teve relações sexuais consensuais com a alegada vítima, e que tinha mentido anteriormente para esconder a sua infidelidade à esposa. E pela última vez em janeiro de 2024, a defesa do jogador alegou que o mesmo estava sob efeitos de muito álcool.

Na minha opinião, o que mais chamou a atenção nesse caso, e inclusive é relacionado ao título do texto, foi que o jogador ao já ser contactado pela justiça de Barcelona voltou imediatamente à cidade. E por que isso chama a atenção? Por que na minha opinião já mostrou a certeza ou quase certeza de impunidade por parte da justiça pro jogador no entendimento dele. E isso por uma série de fatores, pelo fato de ser um jogador super reconhecido mundialmente, por ele talvez achar que não tenha cometido um crime, que seria até mais grave, ou até por parte da vitima que poderia aceitar uma certa quantia e se calar.

Mas felizmente não foi isso que aconteceu, vimos a justiça da Catalunha atuar desde o princípio de forma clara e coesa. Esse caso é muito importante em diversos âmbitos, primeiro que mostra ao mundo que não pode ter impunidade seja no âmbito pessoal ou institucional, e além disso, é um alento para fortalecer ainda mais essa luta contra todas as agressões a mulheres.

Daniel Alves e sua defesa ainda podem recorrer a 2° Instância, a advogada Inés Guardiola, afirmou que irá recorrer confiando em provar a inocência do seu cliente. E claro, a acusação também irá recorrer para aumentar a pena, que inclusive é bem provável que aconteça. Que esse caso seja uma quebra de paradigmas e que continuemos evoluindo, que seja um exemplo para o Brasil, porque temos um jogador aqui no Brasil que está condenado e segue solto e impune. Sigamos lutando, e esse caso ainda não acabou.