"Precisamos de mais faixas e corredores exclusivos. É nesse momento que a pessoa ganha confiança no transporte coletivo, quando sabe a hora em que vai sair de casa e chegar ao trabalho. Não é sustentável viver preso no trânsito, sem previsão de chegada", disse a dirigente. Pioneirismo de Maricá Na mesa "Qual o futuro dos transportes públicos na redução das emissões de carbono?", mediada pelo jornalista Agostinho Vieira, do Projeto Colabora, especialistas cobraram investimentos na modernização da Supervia, na expansão do Metrô e na discussão de projetos pioneiros como o de Tarifa Zero, implantado em Maricá. O município de Maricá também persegue o sonho de eletrificar a frota e usar hidrogênio como combustível, um pioneirismo citado por vários debatedores. "A Supervia tem uma capacidade absurda de transportar as pessoas de forma limpa, sem emissões. A chegada do metrô à Praça 15, como estava no projeto original, tem um potencial enorme de reduzir o uso de combustíveis fósseis no transporte", disse Diogo Martins, especialista de estudos econômicos da gerência de infraestrutura da Firjan.
Menos poluição do ar no Rio Guilherme Wilson, gerente de Planejamento e Controle da Semove, mostrou números positivos sobre a redução de poluição do ar a partir de investimentos tecnológicos: em 12 anos, a frota de ônibus da região metropolitana reduziu a poluição em 91%, e caminha para o patamar de 97%. Ele classificou como "exagero" a pressão por eletrificação, lembrando que a tecnologia apresenta opções diversas de emissão baixa de carbono, como combustíveis novos que dão mais autonomia aos veículos e reduzem o gasto com frotas de reserva, sempre repassado ao preço da passagem. Wilson disse que toda a frota de ônibus do Brasil é responsável hoje por 3 bilhões dos 65 bilhões de combustíveis fósseis consumidos no país. "Temos o hidrogênio verde chegando. Com cinco quilos, um ônibus a hidrogênio roda 1.300 quilômetros, emitindo zero carbono e com muita autonomia. Temos o diesel verde, o HVO, que está crescendo no mundo. Temos muitas alternativas, mas é importante entender que o modelo atual naufragou. A Prefeitura do Rio está dando um bom exemplo ao criar corredores expressos e estimular o uso do transporte público. O caminho é esse", afirmou o dirigente da Semove. Transição energética justa
No painel Transição Energética, o coordenador sênior de Energia no Instituto Clima e Sociedade, Roberto Kishinami, chamou atenção para a necessidade de essa transição ser mais justa socialmente, evitando que os mais pobres paguem pela economia feita pelos mais ricos. Como exemplo, ele citou os incentivos dados na conta de luz para quem tem condições de instalar painéis de captação da energia solar em casa. "Quem paga essa conta não é o Tesouro, é o cidadão comum que paga na conta de luz. Pode parecer pouco, mas para uma família pobre, que precisa decidir se compra comida ou paga a conta de luz, isso pesa", concluiu Kishinami. Também participaram da mesa o coordenador de Desenvolvimento Socioeconômico do Instituto Pereira Passos, Henrique Silveira, a professora Amanda Schutze (FGV Clima) e Andrea Lopes, especialista em Sustentabilidade da Firjan. A última mesa do dia, sobre Financiamento Energético, com representantes da EPE (Empresa de Pesquisa Energética), da UFRJ e do governo estadual. A Conferência Cidades Verdes terminou com um debate sobre financiamento energético e as considerações finais do diretor regional da América Latina C40 Cities, Ilan Cuperstein. Cerca de 300 pessoas passaram pelo Centro da Firjan em cada dia do evento. |