Pega na mentira

As consequências da "mentira" na construção

Por Luiz Paulo em 01/04/2023 às 19:18:33

Dia da mentira, algumas das mentiras que são vistas nas construção civil

Que isso, gente? Que feio! Como vocês estão? Tudo bem? Eu sei que com vocês posso ficar tranquilo que esse lance de mentira não é com vocês, não é gente? E comigo também não rola esse lance não.

Que isso, gente? Que feio! Como vocês estão? Tudo bem? Eu sei que com vocês posso ficar tranquilo que esse lance de mentira não é com vocês, não é gente? E comigo também não rola esse lance não.

Hoje eu quero descontrair com vocês um pouco, mas sem deixar de trazer coisas sérias, alguns toques, coisas que nos fazem refletir. Eu digo a vocês, podemos em alguns casos até mentir, negligenciar. Quando o assunto é obra, a mentira acaba sendo descoberta com o passar o tempo e pode trazer sérias consequências...

Arquiteto? Isso é muito caro. Arquiteto só vai ser decorador de luxo.

Sem comentários! Infelizmente muita gente acaba deixando algo primordial para trás que o trâmite do projeto arquitetônico. Existe um mito de que o projeto arquitetônico é muito caro, o que costuma ser justamente o inverso. Para se ter uma ideia, geralmente uma obra sem projeto pode custar 30% mais caro do que uma obra com projeto, isso por que com um projeto em mãos você pode fazer a previsão da compra de materiais, evitando comprar itens de mais (ou de menos), além disso o projeto ajuda a reduzir os erros, evitando o quebra-quebra.

Certamente muitas pessoas ficam resignadas de contratar um profissional da área por que querem economizar. O estigma de que contratar um arquiteto para projetar a obra está ligado muitas vezes a publicações de revistas, em especial as que apresentam construções suntuosas muitas vezes, arrojadas, de pessoas de grande poder aquisitivo. O que se tem tentado mostrar de uns tempos para cá é que a arquitetura é para todos. Talvez isso tenha ficado um bocado camuflado com essas roupagens luxuosas. É possível atender o cliente que quer construir 3000 metros quadrados no Joá até quem vai morar em um apartamento de 15M²; inclusive a arquitetura tem buscado difundir a ATHIS – Assistência Técnica de Habitação de Interesse Social, garantindo acesso à moradia digna para famílias que não tem recursos para pagar por um projeto e pela obra, muitas vezes.

Aos desavisados, a documentação de uma casa também passa pela parte de projeto, e caso se queira vender um imóvel de forma financiada através dos bancos, certamente o projeto será um documento exigido.

Reforma clandestina resultou no desabamento de três prédios no Centro do Rio. Há diversos casos como este pelo Brasil afora. Foto: Daniel Marenco/Folhapress

É só mais uma lajezinha

Não estou criticando a quem constrói por conta própria de forma gratuita, entendo que as pessoas fazem muitas vezes das tripas coração para poder ter um lugar e que não sobra grana para fazer isso da melhor forma, mas fica o alerta que um erro em uma obra pode custar muito mais do que perdas materiais. Vidas podem se perder.

Muitas coisas podem influenciar na segurança ou na falta de segurança em uma obra – desde o tipo de solo e a falta de sondagem, a falta de um projeto estrutural, mudanças como demolições ou acréscimos são alguns dos exemplos daquilo que é negligenciado e que pode trazer sérias consequências.

Ao poder público e órgãos fiscalizadores cabem ações de conscientização, e meios de articular com que as pessoas possam ter acesso a serviços de projetos e construções dentro dos parâmetros técnicos.


Ah, patrão, vai ficar dez!


Os projetos complementares não são menos importantes, porém, muita gente só faz quando se vê obrigada. Os projetos complementares são os projetos estruturais, projeto de instalações elétricas, hidráulicas, sanitárias, entre outros.

Da mesma forma que o projeto de arquitetura, os projetos complementares também ajudam a economizar nos recursos. Evita-se comprar mais ou menos, é obedecido o correto dimensionamento, trazendo segurança de modo geral. Problemas como curto circuitos, por exemplo, podem ter início devido a instalações sem um projeto.

Outro aspecto importante diz respeito às reformas. Uma construção sem projetos complementares pode trazer problemas como o furo de um cano, a danificação da rede elétrica.

Lembram de uma propaganda da Tigre que um camarada que mal enxergava um palmo na frente dizia – vai ficar dez?

Na propaganda o personagem que estava fazendo uma ganbiarra dizia que ia ficar dez


Sátiras a parte, além de escolher materiais de qualidade, certificados, deve-se contar com a experiência de profissionais qualificados, tanto para a execução dos projetos, e também para a execução da obra e das instalações.

Cuidado com a internet

É verdade, eu vi na internet! Fica o alerta para quem confia em tudo que vê na internet e nas redes sociais. Muita gente acaba sendo seduzida por ofertas que seduzem os olhos e que agradam os bolsos.


Fiquem atentos! Existem profissionais que não exercem a profissão e muitas vezes acabam delegando a outras pessoas que não tem conhecimento técnico ou acadêmico para criar projetos. Com o uso de ferramentas de desenho no computador, muitos se aventuram e criam desenhos e acabam avalizados por esses profissionais que tem o registro, mas que não acompanham a esse desenho/projeto. Não confundam com estágio! E o que pode ser ruim nisso? Simplesmente pelo fato da pessoa sem a formação adequada não levar em consideração questões que impactam na saúde física e mental das pessoas do local. Um espaço mal ventilado por exemplo pode causar danos a saúde como alergias, tuberculose – um preço muito mais caro a se pagar. Outro contratempo é o fato de muitas vezes se esquecer as questões regulamentares do código de obras e outros instrumentos da lei que dá os parâmetros da obra.

E como não cair numa armadilha dessas? Desconfie de preços muito fora dos preços praticados no mercado, assim, para isso faça orçamento com dois uns três profissionais distintos para ter um bom parâmetro. Também vale a pena ter uma conversa com o profissional, dessa forma você vai ter a confiança (ou não) em fechar o contrato – e por falar em contrato, é algo muito importante para a garantia de todos. Não há por que temer o que diz respeito a contrato, afinal, nele estão dispostos os serviços que serão realizados, os prazos, valores, é algo que também pode acender um sinal de alerta para aqueles que tem alguma intenção escusa por trás. Acenda um sinal amarelo se a pessoa fugir do contrato.

Outro ponto que é pra se ater, além de pessoas que desenham que possam estar acobertadas pela assinatura de profissionais com registro – ditos – canetinhas de ouro, e que poderão responder por qualquer imperícia, é estar atento para pessoas que não são profissionais e não tem aval de ninguém. Pessoas que com a cara (de pau) e a coragem se dizem profissionais e muitas vezes atuam impunimente. Algumas pessoas as vezes são pegas e - acabam pagando por isso – tenho minhas objeções por que as vezes a punição é uma censura ou uma multa muitas vezes irrisória. Uma forma de evitar cair nessas armadilhas, além de pactuar o serviço em contrato é pesquisar nos sites dos Conselhos quanto ao profissional cadastrado.

O Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU) tem uma página (Ache um Arquiteto) onde pode se pesquisar pelo profissional que está propondo o serviço ou mesmo se você não sabe a quem contratar, pode procurar por profissionais da sua cidade e fazer contato para orçar os seus serviços.

https://acheumarquiteto.caubr.gov.br/

Na página -Ache um arquiteto, ferramenta do CAU é possível consultar por profissionais cadastrados no conselho


Clicando no nome do profissional é possível ver as informações que ele tenha fornecido ao conselho


RT - Reserva Técnica

Existe uma prática que fica por baixo dos panos e muitas vezes o cliente nem sabe ou se atenta para isso. Algo coibido pelo CAU, a prática consiste em gratificar o arquiteto ou arquiteta pela indicação de lojas para compra de alguns materiais. Não há nada errado em indicar alguma loja ou algum material, a questão que pode viciar a indicação e que o CAU coíbe diz respeito a isenção que o profissional poderia deixar de ter por receber gratificações em dinheiro, ou de alguma outra forma como viagens, etc.

Também existe o RT de projeto que as vezes a prática consiste em um dado cliente procurar uma loja e receber da loja a indicação de certos profissionais, justamente aqueles que fazem a indicação de tal loja.

A prática que é proibida pelo código de ética da arquitetura e urbanismo vai se repetindo. Caso você se depare com alguma situação como essa pode denunciar, inclusive de forma anônima pelos canais dos conselhos.

Falha nossa!

Eu poderia enumerar alguns casos de erros que foram cometidos pelo fato da pessoa não ter contratado o serviço de projeto, mas vou pontuar um como exemplo, obviamente que eu não vou falar do nome da pessoa e nem o lugar. Eu não quero ridicularizar nada, prefiro as vezes acreditar na ingenuidade, mas não me cabe julgar.

Uma dada pessoa chamou por que tinha sido notificada pela prefeitura a apresentar o projeto arquitetônico. Estava sendo notificada por fazer uma obra sem a devida legalização.

Com um prazo exíguo para cumprir a exigência, fui ao local e comecei a me inteirar. Não vou contar os pormenores, mas para se ter ideia, foi feito um andar superior sem a previsão de uma escada, segundo a pessoa, ela foi orientada por um pedreiro que poderia fazer a escada descendo na calçada posteriormente. Certamente a maioria dos pedreiros não concordaria com o colega (se não tiver sido uma mentirinha da pessoa). Deixemos que cada um atue conforme seus predicados e responsabilidades. Se um pedreiro disser a você que pode construir na calçada, na rua e você executar, ele não deverá sofrer sanção por isso, contudo se um arquiteto projetar tal situação (primeiramente não deve passar nem pelo crivo da análise) mas se for executado, a pessoa responsável pode responder por isso. Não é desmerecer a ninguém. Certamente os pedreiros têm conhecimentos que o tempo da faculdade não é capaz de ensinar na prática aos arquitetos e engenheiros, contudo, que se dê a César o que é de César.

Não bastasse não ter escada e uma série de entraves para poder coloca-la por conta de afastamentos, estacionamento e outros, o cliente informou que invadiu um pouquinho o terreno do vizinho. Aí tem outros fatores complicadores e eu nem vou entrar no mérito da questão.

Pra finalizar essa história, apresentei no prazo o levantamento arquitetônico, e passado um tempo a fiscal me chamou à secretaria de obras para conversar, para perguntar sobre a casa já existente, e me dizer que havia mudanças que a pessoa já tinha realizado, mas que não estava no projeto aprovado inicialmente. Eu fiquei atônico, chateado! Eu havia perguntado sobre a outra casa e ele me disse – não, essa casa está como sempre. Quando eu fui da secretaria de obras para conversar com o cliente ele me disse – ah, mudou essa parede aqui, aqui criou esse quarto, a cozinha agora é acolá – isso por que ele havia dito que não tinha mudanças. Espero que os alertas tenham servido! Até a próxima pessoal.

Ah, quem vai notar a falta da porta? Foto: Site de curiosidades

Será que essa garagem é para carro voador? Foto: Site de curiosidades

Essa chaminé ficou linda, vamos colocar uma janela para que todos possa vê-la, sqn. Foto: Site de



Zion
Luxhoki