Ministério Público Federal denuncia ex-deputado Federal Adrian Mussi por peculato

O deputado, assim como outros dois, são acusados de apropriação indevida de dinheiro público proveniente da Cota para Exercício da Atividade Parlamentar (Ceap)

Por Redação em 11/05/2021 às 09:59:41
Divulgação

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O ex-deputado federal Adrian Mussi Ramos foi denunciado pelo Ministério Público Federal (MPF) por apropriação indevida de dinheiro público proveniente da Cota para o Exercício da Atividade Parlamentar (Ceap), que deveria ser utilizado para cobertura de despesas com aluguel de veículos. A denúncia também consta o envolvimento da servidora pública Denise Conceição dos Santos Moura e o empresário Evandro de Carvalho e Silva.

Segundo o MPF, as investigações começaram em 2013, após uma reportagem, denunciando o caso. Na ocasião, um programa de TV teria informado que o ex-deputado recebeu recursos públicos oriundos da Ceap, a título de reembolso por despesas efetuadas com o aluguel de veículos de propriedade da empresa D C S Moura ME, que seria aparentemente fantasma, constituída por Denise Conceição Moura, em 2011. A investigada, que é servidora pública da Prefeitura de Macaé, teria sido nomeada para o cargo de assessora funcional da Secretaria Municipal de Administração, em setembro de 2011, pasta então ocupada por Carla Ramos Mussi, irmã do ex-deputado Adrian Mussi.

Com base nesses dados, o MPF requisitou à Câmara dos Deputados os pagamentos realizados em favor de Adrian Mussi referentes aos contratos de locação de veículos entre o parlamentar e a empresa D C S Moura ME, cujos valores somam pouco mais de R$ 85 mil ao longo de três anos, em função do uso de cinco veículos diferentes. Com relação aos veículos utilizados, três deles eram de Denise Moura, segundo o cadastro no Detran. Os outros dois mencionados na documentação fornecida pela Câmara dos Deputados seriam de propriedade de Evandro de Carvalho e Silva, marido de Denise, ex-assessor do gabinete de Adrian Mussi entre 2011 e 2015 e também doador de suas campanhas. Além disso, nenhum dos veículos estava em nome da empresa D C S Moura ME, apesar do fato de a companhia e Adrian Mussi terem celebrado dois contratos de locação.

Em diligência complementar, o MPF solicitou ao município de Macaé a relação das notas fiscais eletrônicas de serviços emitidos pela empresa D C S Moura ME, e obteve como resposta a indicação de que a referida empresa, em seu primeiro ano de existência, manteve relação comercial exclusiva com o ex-deputado Adrian Mussi, totalizando a emissão de 18 notas fiscais em nome do parlamentar. Ainda com o intuito de verificar a existência de transações financeiras entre os envolvidos, o MPF requereu à Justiça Federal de Macaé a quebra de sigilo bancário da empresa D C S Moura ME, de Denise Conceição Moura e de Adrian Mussi. Foram analisadas todas as movimentações financeiras nas contas bancárias dos investigados no período de junho de 2011 a setembro de 2013, tendo concluído a ausência de lançamentos financeiros compatíveis com as datas e montantes registrados nas notas fiscais de serviços emitidas pela empresa D C S Moura ME.

Conforme declarações prestadas pelos denunciados ao MPF, Adrian Mussi efetuava o pagamento das locações de veículos em espécie, para depois solicitar o reembolso das despesas à Câmara dos Deputados, por meio da utilização da Ceap. Os depoimentos levam a crer que a empresa D C S Moura ME foi criada apenas formalmente, com o objetivo de viabilizar a emissão de notas fiscais para serviços que não eram prestados.

O MPF fixou o valor mínimo de R$ 85 mil para reparação pelos danos causados pela infração, que podem ser devidamente atualizados pelos índices de correção cabíveis. A denúncia foi recebida pelo Juízo da Vara Federal de Macaé nos autos do processo 5001259-90.2021.4.02.5116.

Nossa equipe entrou em contato com o ex-deputado, mas até o fechamento dessa edição, não obteve respostas.

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