'Por uma Educação Antirracista' celebra início do ano letivo com presença de Djamila Ribeiro

Por RJNEWS em 22/02/2024 às 06:45:21
Leandra detalhou práticas antirracistas adotadas na rede municipal como o Nutriafro.

Leandra detalhou práticas antirracistas adotadas na rede municipal como o Nutriafro.

Promover a conscientização, consolidando a educação antirracista nas escolas com apresentações artísticas e culturais que comemoram o início do ano letivo em Macaé. Esse é o objetivo da programação do evento "Por uma Educação Antirracista", iniciado nesta quarta-feira (21) e que vai até quinta-feira (22) no espaço montado na Avenida Elias Agostinho, em Imbetiba. A feminista, escritora e acadêmica brasileira, Djamila Ribeiro, participou de roda de conversa após a abertura, que teve uma entrega simbólica de maleta cheia de livros para o aluno Artur Cruz Lacerda, do quarto ano da Escola Municipal Dolores Garcia e Vitor Cruz Lacerda, do sexto ano da Escola Municipal Maria Letícia dos Santos Carvalho.

A secretária de Educação, Leandra Lopes, informou que todos os alunos e professores da rede municipal estão recebendo uma maleta e que cada uma possui títulos adequados à faixa etária de cada nível de escolaridade. Para o 1º ano do Ensino Fundamental, por exemplo, serão histórias como "A fantástica viagem de Okiké", "O macaquinho de nariz vermelho", "BU!", "Sonhos de um morcego", "Tiê", "Barco a vela ", "Um livro em branco", "Mitaí conta até dez" e "Lunar". Com uma seleção diversificada, os alunos poderão se aventurar em diferentes universos literários.

- Entregamos a maleta para iniciar o ano letivo com livros porque trabalhar a política antirracista tem muito a ver com leitura. Estão sendo distribuídos sete mil livros de Djamila aos profissionais aqui no evento para que o servidor seja um multiplicador das políticas antirracistas. Quando falamos de leitura, falamos do trabalho de leitura na escola, leitura para o servidor e leitura com a cultura. Trabalhar com obras da Djamila é trabalhar a cultura – definiu a secretária.

Leandra detalhou práticas antirracistas adotadas na rede municipal como o Nutriafro.

"O programa torna obrigatório mensalmente no cardápio da alimentação das unidades da rede municipal de ensino, gêneros que fazem referência às alimentações dos povos originários", explicou. O Nutriafro foi elogiado pela filósofa Djamila.

Dentre os livros que serão entregues na maleta dos primeiros segmentos da EJA, destacam-se obras como "Lunar"; "O livro dos chás"; "Quem ri por última rima melhor"; "Sr. Gentil" e "Tiê".
A mãe Monique Ribeiro foi ao evento com o filho Bernardo, aluno da Escola Municipal Eda Moreira Daflon.

"Sou mulher preta, minha família é formada por três pessoas, eu, meu filho e minha filha, a luta da mulher negra é muito grande, tivemos muitas conquistas, mas temos muito a avanço", afirmou.

Outro exemplo de maleta é do 7º ano do Ensino Fundamental, em que os alunos terão a oportunidade de mergulhar em diversas viagens literárias por meio dos livros: "O outro lado da galáxia"; "Ana Bola e outras histórias quentes"; "O destino do lobo"; "Jegue não é burro" e por fim, "Zé Perri: a passagem do pequeno príncipe pelo Brasil".


"É importante quando a gente fala de educação antirracista, compreender que a gente está falando de um problema que é da sociedade brasileira. Quando a gente fala de trazer sistemas dentro da sala de aula, a gente não está falando de ideologia a ou b, a gente tá falando de um tema que diz respeito à nossa construção enquanto país", avaliou.

Djamila Ribeiro promove discussões sobre racismo, gênero e sociedade


No evento, Djamila Ribeiro falou sobre questões raciais, de gênero e sociais, ampliando o debate e promovendo a conscientização. A autora falou sobre seu livro "Pequeno Manual Antirracista", uma obra importante para a compreensão e enfrentamento do racismo estrutural e que foi distribuído no evento.


A filósofa levou uma apresentação mas preferiu falar livremente. Iniciou citando Lélia Gonzalez e destacou que o Brasil, durante quase quatro séculos, manteve a escravidão.

"O Brasil teve mais tempo de escravidão do que de não escravidão. O que isso significa? Significa dizer que falar de antirracismo não é problema da população negra, mas de toda a sociedade brasileira", ressaltou que para entender a importância da política da diversidade é preciso discutir desigualdades.

Djamila Ribeiro abriu o diálogo com o público, convidando toda a comunidade escolar a se posicionar e a se comprometer com a luta antirracista em seu cotidiano. Com uma abordagem didática e acessível, Djamila ofereceu reflexões e ferramentas para que todos possam contribuir na construção de um mundo mais justo e igualitário. Utilizando sua experiência pessoal e seu conhecimento acadêmico, o autor abordou o racismo em suas diversas manifestações e ofereceu orientações práticas para a promoção da igualdade racial.

Publicado em 2019, "Pequeno Manual Antirracista" se tornou um importante editorial, despertando grande interesse e sendo amplamente debatido em diferentes meios. O livro é dividido em capítulos que exploram temas como branquitude, silenciamento, violência, protagonismo negro, colonialismo e poder.


Ao longo da obra, Djamila convida o leitor a refletir sobre suas próprias privilégios e ações, estimulando uma postura ativa na luta antirracista. Desafiando estereótipos, desconstruindo ideias preconceituosas e oferecendo alternativas para a construção de relações mais igualitárias e respeitosas.
A programação completa do primeiro dia de programação inclui apresentação de Jongo com o Grupo de estudos de Jongo com Mestre Dengo; Momento Cultural com Cida Garcia no palco e Momento cultural com Max Badauê no palco.
Participaram do evento a vereadora Iza Vicente, a Secretária de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, Zoraia Braz e população em geral.

Fonte: Secom Macaé

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