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Volta as aulas

Escolas particulares de Rio das Ostras retornam gradualmente com aulas presenciais

Diante da medida, professores do município, entram em estado de greve, segundo sindicato


Mais um ato simbólico foi realizado, mas desta vez, em Rio das Ostras

Thaiany Pieroni

De acordo com o decreto municipal da Prefeitura de Rio das Ostras, as escolas particulares do município foram autorizadas, nessa segunda-feira, 07, a retornarem, de forma gradual, com as atividades presenciais. A decisão não foi bem aceita pelos professores, que começaram a tomar a primeira dose da vacina contra o coronavírus também, nessa segunda-feira.

Em assembleia unificada virtual, a categoria decidiu declarar estado de greve em defesa da vida. O objetivo é reforçar que a classe é contra o retorno das aulas presenciais, sem que a pandemia esteja controlada, segundo os critérios científicos apresentados por entidades sanitárias, tendo a Fiocruz e as universidades públicas como fontes de referência para estes critérios.

"O Estado voltou atrás na decisão de retornar com as aulas presenciais no município por entender que ainda estamos vivendo um momento de risco. Nossos professores começaram a tomar a primeira dose da vacina nessa segunda-feira, 07. Se já estávamos recebendo várias denúncias de profissionais contaminados, imagina com o retorno das aulas presenciais?! Não é a hora de voltar. Queremos segurança sanitária para nossos professores", declarou Guilhermina Rocha, presidente do Sindicato dos Professores daRede Privada de Macaé e Região (Sinpro).

Para reforçar a decisão da categoria, um ato simbólico foi realizado em frente à Prefeitura Municipal de Rio das Ostras. Com o distanciamento necessário, uso de máscara e álcool em gel, um número restrito de professores esteve na porta da sede municipal, com faixas reafirmando que não é hora de retornar com as aulas.

"Nós fizemos um ato simbólico para informar nosso posicionamento e fomos informados que nem o prefeito, nem o secretariado estavam na prefeitura. O município insiste em não ouvir os trabalhadores e atender somente o interesse dos donos das escolas. Segundo os critérios do Conselho Municipal de Educação, apenas 16 escolas estariam aptas a retornarem com as aulas. Nós queremos saber como será a fiscalização das demais? Quem irá garantir a saúde dos trabalhadores? O sindicato irá nas escolas, nesta semana, para acompanhar e continuaremos buscando os órgãos competentes", frisou ainda Guilhermina.

Ainda de acordo com o sindicato, uma nova assembleia será realizada no próximo sábado, 12, para debater os passos dados na última semana e existe a possibilidade de ser declarada greve, oficialmente. "O Sinpro Macaé e Região convoca a categoria a se mobilizar e não aceitar a pressão patronal para o retorno às atividades presenciais. Exigimos o cumprimento da pauta de reivindicação: vacinação, imunização plena, testagem em massa, protocolos com rigor científico. O Sinpro Macaé e Região reafirma seu alinhamento com a comunidade científica, que de forma ampla e pública, indica ser o retorno nesse momento inapropriado.Nosso compromisso é com a vida e a saúde de todos", afirmou Guilhermina Rocha.

O professor Cezar Santa Ana, que é diretor pedagógico de um colégio particular do município, acredita que a decisão do retorno às aulas, neste momento, é precipitada. "Acho imprudente, sobretudo porque é necessário que as escolas estejam conscientes dos dados que levaram à autorização. Além disso, o poder público que autorizou deveria montar uma estratégia social de apoio, pois com a volta às aulas presenciais, diversos outros setores também se mobilizam.

Sem que o poder público se coloque como responsável principal, vejo como precipitada a volta", declarou.

Os professores da rede pública também estão em estado de greve. Também, por meio de decreto, a Prefeitura de Rio das Ostras declarou a previsão do retorno das aulas presenciais nas escolas municipais para o final deste mês.

E não são só os professores, que não se sentem seguros. Segundo informações, existe um grupo de pais e responsáveis, que também estão se mobilizando contra a volta as aulas e que optam por não levar seus filhos.

Esse é o caso de Andreia Coelho, que afirma que não levará seu filho para as aulas presenciais. "Eu como mãe, não sinto segurança de deixar meu filho, que é do grupo de risco, frequentar as aulas", afirmou.

Município preparado para o retorno às aulas?

Em contrapartida ao apelo dos professores, as escolas do município afirmam que já estão preparadas há bastante tempo para o retorno das aulas presenciais. Em janeiro deste ano, quando o assunto da volta às aulas começou, o RJ News consultou representantes das escolas particulares, que garantiram que há segurança para este momento.

"As escolas já estão preparadas para o retorno das aulas e, entendendo a importância desse momento, diretores de escolas privadas já se organizaram para, assim que for autorizada a reabertura das escolas, receberem os alunos com toda segurança em sua estrutura e orientação de sua equipe. Vale evidenciar que, apesar de estarmos preparados, dados da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura(Unesco), citam que o Brasil está relacionado a outros países como a Etiópia, Iraque, Índia, como únicos que passaram de 70 dias sem aula. Os demais países já retomaram suas aulas e mesmo que tenham oscilação em números de casos ou necessitem da aplicação do lockdown, mantém as escolas como prioridade junto aos mercados e farmácias. Sendo assim, esses dados também reforçam que precisamos tentar a reabertura segura das nossas escolas e estamos prontos para isso", frisou Alessandra Toledo, diretora de uma escola privada de Rio das Ostras.

Já de acordo com a Prefeitura de Rio das Ostras, as últimas análises dos índices epidemiológicos da Covid-19, indicaram que o município alcançou a bandeira amarela 1 e, com isso, a prefeitura autorizou o retorno gradual das atividades educacionais presenciais a partir de 7 de junho.

O município ressalta que as atividades retornam, inicialmente, em regime híbrido (escalonado), intercalando aulas ministradas nas escolas e on-line. Por abrigarem maior número de estudantes, cerca de 23 mil, as unidades da Rede Pública Municipal precisam de mais tempo para se adequar e permanecem com atividades remotas até 30 de junho.

Para a realização das atividades educacionais presenciais, deverá ser observado o percentual de até 30% da capacidade total de alunos por turno diariamente. As instituições escolares precisarão atender aos critérios sanitários de higiene, segurança e distanciamento físico, determinados pelas autoridades competentes.

Entre os procedimentos de segurança sanitária que devem ser realizados nas escolas, estão os seguintes: organização do período de ingresso, permanência e saída, de modo a evitar aglomerações; aferição de temperatura na entrada; higienização constante das mãos com álcool 70% ou água e sabão; uso de máscara de proteção obrigatório; respeito ao distanciamento físico de pelo menos 1,5 m nas salas; organização dos intervalos de refeições e recreio de modo intercalado.

O artigo terceiro do Decreto Municipal estabelece que fica vedado o funcionamento de qualquer unidade escolar durante a vigência da bandeira vermelha. A Comissão Municipal de Apoio Estratégico à Elaboração do Protocolo de Medida de Proteção e Controle da Covid-19, tem um prazo de 30 dias para apresentar ajustes e atualizações no Plano de Retomada das Aulas Presenciais em atendimento ao novo decreto.

E a vacina?

A principal defesa da categoria é com relação à vacina para os profissionais da educação, primeira e segunda dose, antes do retorno das aulas presenciais. Porém, a categoria começou a ser vacinada nessa segunda-feira, 07.

Neste primeiro momento, foram vacinados exclusivamente os trabalhadores da Educação Infantil das redes pública e privada, que estão na ativa em unidades de ensino de Rio das Ostras. Além dos professores, também foram imunizados contra o coronavírus merendeiras, profissionais de apoio, de suporte pedagógico e administrativos que atuam na Educação Infantil nas escolas públicas e privadas localizadas em Rio das Ostras.

Com relação às próximas fases, o município ainda não divulgou um calendário com datas exatas. Apenas informou que a vacinação seguirá a seguinte linha: após os trabalhadores da Educação Infantil, serão vacinados os profissionais que atuam no Ensino Fundamental, Educação de Jovens e Adultos (EJA), Ensino Médio, Médio Profissionalizante e Ensino Superior.

Lohanna Vogel, moradora de Rio das Ostras, falou sobre a importância da vacina. "Excelente. Já que determinados pais estão pedindo tanto a volta às aulas, mais que justo vacinarem os professores. Escola não é abrigo e professor não é babá. Quer enviar seu filho pra escola? Lute para que os professores sejam vacinados", declarou.

Mas, além dos profissionais, existe uma preocupação também com relação aos alunos, como comentou Iolanda Paredes. "Não entendo. Profissionais da educação, mas e os alunos? Não adianta nada. Aí eles nos trazem a doença para casa, já que não estamos vacinados. Vacina pra toda população!", lembrou.

RJNEWSnoticias

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