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Preço do GNV

Motoristas do Norte Fluminense pagam preço do GNV baseado em valores praticados na Europa

Projeto que adiava possíveis aumentos foi vetado pelo Governo Estadual


Postos de Rio das Ostras reduzem R$0,20 no valor do GNV após fiscalização do Procon

Após os altíssimos e consecutivos aumentos no preço da gasolina e também do etanol, neste fim de semana, os motoristas também sofreram com o aumento do preço do GNV. O combustível subiu uma média prevista de 39%, o que garante que os preços ultrapassem a marca de R$4,00 nas bombas dos postos de combustíveis da região de cobertura do RJNews.

Para a população, esses aumentos são extremamente preocupantes, tendo em vista o atual cenário econômico da região, que foi duramente afetado com a pandemia do coronavírus. O taxista Francisco Silva, afirma que não sabe mais o que esperar. "Na semana passada, eu paguei o valor de R$3,29 e hoje, encontrei o GNV a R$4,49. Eu que trabalho com transporte sou afetado diretamente com esse aumento. As coisas já não estão fáceis, desde o início da pandemia, vivemos dias complicados. Não sei onde vamos parar", desabafou.

O aumento do GNV é considerado o fim de um conto de fadas, já que no início deste ano, milhares de motoristas buscaram instalar o kit gás, justamente por não aguentarem arcar com os altos custos da gasolina. Mas, agora, os aumentos assustam.

"Parece que estou revivendo o pesadelo, que vivi, quando começou os aumentos da gasolina e do álcool. Corri para conseguir instalar o kit gás no meu carro porque estava insustentável manter os custos do meu veículo. Mas, confesso, que esse aumento me assustou muito e tenho medo do que vem pela frente. Espero que não comecem os aumentos loucos igual da gasolina. Se não, vou ter que começar a caminhar", desabafou a vendedora Julia Santos.

Clovimar Cararine, do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos – DIEESE, explica que o preço do GNV sofre reajuste trimestral programado através do PPI, Preço de Paridade de Importação, e por isso, pagamos pelo produto com base no preço europeu.

"O preço que pagamos nas bombas dos postos de combustíveis são baseados em três fatores: O transporte, o preço do barril de petróleo no mercado internacional e o dólar, então se houve qualquer flutuação do câmbio aqui no Brasil, isso atinge os derivados", explicou.

Cararine ressalta que o projeto do Ministério da Economia, de ampliar a concorrência para o preço cair, não mudará essa realidade e continuará gerando impactos para toda a população.

"Atrair novas empresas não irá diminuir o preço do GNV. É necessária uma outra política de preços, baseada nos custos internos que a estatal tem para produzir. Enquanto isso não acontecer, teremos novos aumentos, que impactam diretamente não só o valor do GNV para os carros, como também para algumas indústrias, que utilizam o gás como matéria prima ou como fonte de energia, como é o caso da fabricação de fertilizantes. Em um momento onde vivemos a alta da inflação e um momento delicado na economia, esse cenário se torna complicado", analisou.

O coordenador-geral da Federação Única dos Petroleiros (FUP), Deyvid Bacelar, ressalta que esse reajuste é mais uma consequência da atual política de preços da empresa, atrelados ao mercado internacional, imposta pelo governo de Michel Temer, logo após o golpe de 2016 e mantida pelo atual presidente, Jair Bolsonaro.

"A política tem que ser baseada nos custos internos que a estatal tem para produzir. Assim como ocorre na Arábia, assim ocorre na Venezuela, no Canadá, Rússia, China e em outros países. Lembrando que o Brasil trabalhou dessa forma durante 13 anos. A gente lembra que entre 2003 e 2013, o preço do gás de cozinha, por exemplo, não variou", lembra.

Ele afirma ainda que quem normalmente utiliza o PPI são países totalmente dependentes do mercado internacional, tanto de petróleo, quanto de derivados. "Não faz sentido algum fazer isso aqui, já que o Brasil é autossuficiente no produto", concluiu

Mas, os impostos nacionais também interferem no valor do combustível e há divergência de opiniões sobre a questão da concorrência. "No Brasil, a Petrobras é a responsável pela cadeia do gás natural, a exploração e produção, o transporte, a distribuição, a geração de energia elétrica e a comercialização, ou seja, não há concorrência, o que dificulta ainda mais, pois ela não precisa se preocupar com a competitividade no mercado sob seu domínio, já que contratou toda a capacidade do gasoduto, dificultando o uso por outras empresas. Mas, vale destacar que outros fatores também contribuem para o aumento do preço, tais como: a desvalorização do real frente ao dólar, a cotação do preço do petróleo no mercado internacional e a taxa de câmbio. E não podemos esquecer dos impostos – 12% de ICMS e 9,25% de PIS/COFINS e da margem das distribuidoras (postos de revenda)", salientou a economista Julia Franco.

Para a especialista, algumas alternativas poderiam ajudar a vida dos consumidores. "Aí você questiona: tem como mudar? Sempre há uma luz no fim do túnel quando se tem vontade de fazer. E uma alternativa seria autorizar empresas para exportação do gás, através do transporte rodoviário e/ou ferroviário, mesmo sabendo que esses modais não são baratos, mas a concorrência seria um ponto positivo para a redução dos preços. Então, a reflexão: se não há uma solução a curto ou médio prazos, o aumento vai impactar no bolso do consumidor final e na economia", frisou.

Mas, vale lembrar, que apesar do alto valor, o GNV ainda é considerado uma alternativa mais em conta comparado às outras opções. " Mesmo com preço inferior ao da gasolina e do etanol, vale a pena colocar na ponta do lápis e levantar os custos para utilizar o GNV, que agrega despesas com valores para a instalação do kitgás, pagamento das revisões do cilindro, mão de obra e a regularização documental junto ao departamento de trânsito. Mesmo ganhando destaque, nos últimos anos, em função das suas diversas vantagens: um combustível mais seguro no aspecto econômico e ecológico, além do reduzido impacto no orçamento do consumidor final. É preciso políticas de estímulo para a abertura do mercado para novas empresas, desenvolvimento de novos modais para o transporte e incentivos para os motoristas", finalizou.

Procon de Rio das Ostras atua e consegue garantir redução de preço do GNV

A equipe da Coordenadoria de Proteção e Defesa do Consumidor – Procon Rio das Ostras- realizou na manhã desta segunda-feira, 03, uma fiscalização nos postos de combustíveis que comercializam GNV no município. O objetivo foi verificar a aplicação do reajuste que a Petrobras autorizou no gás veicular em todo território nacional no patamar de 39%.

Durante a ação, foi constatado que os postos estavam praticando o valor de R$ 4,49 por metro cúbico do combustível. Após a fiscalização do Procon, os postos de Rio das Ostras decidiram reduzir R$ 0,20 centavos por metro cúbico e oferecer ao consumidor, o GNV ao preço de R$ 4,29.

O Procon ressalta que não é um órgão regulador de preço, até mesmo porque existe o princípio da livre iniciativa. A fiscalização consiste em verificar se houve uma vantagem manifestamente excessiva ou alguma elevação do preço, sem a sua devida justificativa.

"Nesse momento, destacamos que os R$ 0,20 centavos de redução já demonstram que estamos fiscalizando e protegendo os direitos dos consumidores de Rio das Ostras. Contudo, ressaltamos que o reajuste é válido, já que a própria Petrobras o aplicou em todo o país", esclareceu Rafael Macabu, Coordenador Executivo do Procon de Rio das Ostras.

A coordenadoria concedeu um prazo de 10 dias para que os estabelecimentos apresentem a resposta aos questionamentos feitos pela fiscalização.

Projeto que adiava possíveis aumentos foi vetado pelo Governo Estadual
O Deputado Estadual Luiz Paulo (Cidadania) foi às redes sociais, neste fim de semana, para denunciar o veto do Governo Estadual ao projeto 2349/2020, que poderia adiar o aumento não só do GNV, mas também do gás de cozinha. Segundo o parlamentar, o projeto proibia reajuste a maioria das tarifas realizados pelas Concessionárias e Permissionárias dos serviços públicos no âmbito do Estado do Rio de Janeiro, enquanto perdurar a pandemia do coronavírus.

"No Estado do Rio de Janeiro, em especial, as medidas restritivas já estão afetando fortemente a atividade econômica. Com empresas "quebrando", postos de trabalho sendo fechados e a impossibilidade da maior parte dos autônomos e informais exercerem suas atividades, surge a impossibilidade de muitos honrarem seus compromissos. A interrupção temporária, de reajustes, a maior em tarifas de serviços públicos operados por concessionárias ou permissionárias, é medida justa e necessária a manter o equilíbrio entre os interesses públicos e privados em momento de grave crise sanitária, social e econômica. O presente projeto de lei é, portanto, extremamente necessário para que se possa reduzir os já incalculáveis, danos que a pandemia e a consequente paralisia econômica causam à população Fluminense", justificou o deputado.

RJNEWSnoticias

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