"Se o povo protesta em meio a uma pandemia, é porque o governo é mais perigoso que o vírus"

Essa foi a teoria utilizada por pessoas que foram às ruas protestar contra o atual governo federal

Por RJNEWS em 02/06/2021 às 05:34:00
Em Macaé, a manifestação ocorreu em vários pontos da cidade

Em Macaé, a manifestação ocorreu em vários pontos da cidade

Thaiany Pieroni

Próximo ao fim do ato "Fora Bolsonaro", realizado em Macaé, no último sábado, 29, uma história, no mínimo inusitada ocorreu: Um 'bolsonarista' teria insultado um representante dos petroleiros, que discursava em praça pública. Em meio aos xingamentos e insultos, o senhor acabou atropelado.

Rapidamente, uma médica homossexual e um enfermeiro, estudante de medicina da UFRJ, teriam socorrido a vítima e realizado os primeiros socorros. Por sorte, foi um acidente leve, o mesmo foi levado para casa pelo mesmo petroleiro, que ele xingou, alguns minutos antes.

O relato foi do professor Gerson Dudus, que participou do ato e acompanhou o ocorrido e para ele, esse ocorrido relata, exatamente, tudo que a esquerda significa. "Isso para mim é a esquerda. É o retrato efetivo do que é a esquerda. Um senhor bolsonarista é atropelado e socorrido por profissionais de instituições públicas, que os bolsonaristas odeiam e querem acabar com elas. É uma situação que traz uma metáfora importantíssima, para que possamos avaliar", declarou o professor.

Dudus acrescentou, de forma poética, novos dados à história. " Um certo Brasil acreditou na narrativa criada pela grande imprensa e pela direita e nova direita, reforçada pela Lava Jato, propagada pelas fakes nas mídias sociais. Contra a esquerda, criminalizando a política. Esse certo Brasil elegeu um fascista, genocida. Mas continua acreditando nessa realidade paralela, até ser atropelado pela verdade. E quem vai socorrer esse certo brasil errado é a esquerda, com o restabelecimento da democracia", declarou.

E com esse pensamento de lutar por uma sociedade melhor, que milhares de pessoas foram às ruas no último sábado, 29, não só em Macaé e Rio das Ostras, como em todo o país. O movimento reuniu a esquerda em massa, além de instituições sindicais e sociedade civil, todos com o mesmo pensamento: direito à vacina, comida na mesa e também a espera da derrubada do atual presidente Jair Bolsonaro (Sem partido).

O Sindicato dos Professores de Macaé e região foi uma das instituições, que participou das ações, afirmando a dignidade da luta. "Nossa população está sofrendo nas mãos de um governo que se nega a comprar vacina, que corta auxílio emergencial e a verba das universidades e ainda por cima nada faz para acabar com o desemprego no Brasil. O preço dos alimentos também segue subindo, fazendo com que boa parte das famílias, mesmo com emprego, passem por algum grau de insegurança alimentar", declarou a Presidente do Sinpro Macaé e Região, Guilhermina Rocha.

O Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense - Sindipetro-NF, também fez parte da movimentação com participações de diretores e diretoras em Macaé, Rio das Ostras e também em Campos.

"Os atos públicos deste sábado foram um teste importante para os movimentos sociais durante a pandemia. Há mais de um ano, mesmo com muitos motivos para ganharem as ruas, as entidades mantinham o entendimento de que é necessário fazer o isolamento social. Em razão disso, vários protestos foram feitos ao longo dos últimos meses com os militantes em suas casas, como twitaços e panelaços. O genocídio brasileiro chegou a tal ponto, no entanto, que se tornou inevitável ir às ruas e praças. Para isso, todos os protestos foram marcados por orientações pelo uso de máscaras, álcool em gel e tanto distanciamento social, quanto possível. A tendência é a de que novos protestos de rua voltem a acontecer, cada vez maiores", declarou nota publicada pela entidade.

A vereadora Iza Vicente (REDE), também participou do ato, mas deixou claro seu recado. "Não seja como o presidente, use máscara".

Diversos partidos de esquerda também marcaram presença, como foi o caso do PSTU. "A unidade construída hoje no 29M foi importantíssima e deve seguir, mas não podemos semear falsas ilusões nas eleições. Ocupar espaço no parlamento é importante, apenas na medida que usamos este espaço para denunciar o capitalismo. Não é possível um capitalismo mais humano, nossa tarefa é destruir o capitalismo e construir o socialismo", declarou a representante Sabrina Luz.

Mas e a aglomeração?

Segundo organizadores do movimento nacional, "se o povo protesta em meio a uma pandemia, é porque o governo é mais perigoso que o vírus". A frase tem como base o fato que são mais de 460 mil mortos só no Brasil por conta da pandemia do coronavírus, enquanto o Governo Federal não toma as devidas providências, segundo alega as frentes Povo Sem Medo e Brasil Popular, além de diversas instituições.

E foi assim que o #29M pelo "Fora, Bolsonaro" ocorreu em 213 cidades brasileiras dos 26 estados e do Distrito Federal, e em 14 cidades no mundo, reunindo trabalhadores, aposentados, crianças, artistas, como Renata Sorrah, Camila Pitanga e a atriz Mônica Martelli, além de donas de casa e milhares de pessoas enlutadas, parentes e amigos das mais de 462 mil vítimas da Covid-19 no Brasil.

Na região, não foi diferente. De acordo com a organização, um número expressivo de pessoas participou do ato em Macaé, apesar do presidente ter tido uma votação grande na cidade, o que mostra a redução na aceitação de Jair Bolsonaro.

Houve uma grande preocupação da organização de reforçar, a todo momento, a importância de se manter o distanciamento necessário, utilizar o álcool e usar a máscara de forma correta. Inclusive, várias máscaras foram distribuídas para os participantes. Mas, infelizmente, foram registradas algumas aglomerações.

Em analise publicada, o cientista político, Leonardo Sakamoto, chama atenção para ao resultado dos atos.

"Apesar de a grande maioria usar máscaras e tentar manter distanciamento, houve aglomeração nos atos maiores - o que preocupa porque estamos entrando na terceira onda de mortes. Os manifestantes se justificam, afirmando que sabem dos riscos disso e não são negacionistas, mas veem a demonstração da insatisfação popular fora das redes sociais como a única forma de frear as ações e omissões do presidente no combate à pandemia. Defendem que ficar em silêncio e deixar Bolsonaro seguir seu curso causaria mais dor e sofrimento. Além de mostrar o que as pesquisas de opinião já apontam, de que há mais gente irritada do que feliz com ele e seu governo", declarou.

O cientista político, Júlio Boldrini, também falou sobre a importância histórica do povo indo às ruas para a construção de uma sociedade melhor, apesar dos riscos. "As transformações da sociedade ao longo da história ocorrem em seus aspectos tecnológicos, culturais, econômicos , políticos, etc. Porém, não ocorrem voluntariamente, são processos construídos por pessoas, agentes históricos. Estamos vivenciando um momento, que apesar de não ser raro , não é tão comum também : uma pandemia. Isso exige isolamento social, cuidados extremos e ações profiláticas que dependem da consciência individual e coletiva. No entanto, a luta política está acima desses valores, pois está na base da transformação, sem a luta política nada muda, nem tecnologia, nem economia, nem cultura. Consciente dessa realidade, as pessoas esquecem dos cuidados necessários e partem para as ruas, aglomerando, pervertendo as leis, mas com a certeza de que precisam se arriscar por um bem maior e na defesa daquilo que acreditam. Se tem algo que , por mais cônscio que se esteja dos perigos de furar o isolamento, é a luta política travada nas ruas que se impõem. Não bastam as redes sociais, pois elas não descarregam os sentimentos , somente colocam as ideias a público de forma virtual e não se materializam se não for pelas mãos humanas. Assim, as ruas são o palco da luta política da sociedade para transformar a história. Portanto, não há pandemia, dilúvio, maremoto ou outra coisa que contenha a luta política, foi assim em todo o processo histórico", lembrou.

O outro lado do assunto

É claro, que tem o outro lado da história, o professor Luis Rodrigues, é um dos que analisa o outro lado da história. Ele acredita que a pauta da esquerda se perdeu. "Sobre as manifestações, o que posso dizer é que ambos os lados foram as ruas e fizeram aglomerações. Ambos colocaram um bom número de adeptos nas ruas, sendo indubitavelmente muito maior o da direita (pró-Bolsonaro), que o da esquerda. Isso porque a pauta da esquerda se perdeu e se diluiu e a da direita está cada vez mais visível e palatável para população. Já a grande imprensa, que por ética devia se manter neutra, está a vista d'olhos, pendendo para a esquerda e chegando a mentir para fincar seu apoio, porém a população percebeu e muito", declarou.

Roberto Porto, membro da diretoria do Direita Macaé, que fez parte do movimento Pró Bolsonaro, que aconteceu em Macaé, no último dia 1º, afirma que o movimento "Fora Bolsonaro" não é espontâneo, igual os atos em prol do presidente.

"O ato "Fora Bolsonaro" é, essencialmente, o grito dos que querem voltar a roubar, ou dos que têm saudades de serem roubados. "Fora Bolsonaro" significa "Volta Lula", volta mensalão, volta petrolão, volta bilhões para financiar ditaduras socialistas assassinas e para manter a grande mídia mercenária no cabresto. Essa é a verdadeira pauta, e não "vacina" ou "pandemia". Simples assim, não há "terceira via". É o choro dos que não se conformam que o povo brasileiro acordou para a política, e que não serão , nunca mais, enganados pelas mentiras da esquerda comunista e corrupta. É o desespero de sindicalistas, movimentos sociais, estudantes doutrinados e outros nichos totalmente aparelhados pelo PT, enquanto estiveram no poder. É artificial, coordenado, e não espontâneo e orgânico, como as convocações feitas pelo movimento popular do qual participo, o Direita Macaé, que chama a população para rua e eles vêm, sem nenhum interesse pessoal ou corporativo, de forma ordeira e civilizada, sem baixaria, com o único intuito de apoiar o presidente que está, com o apoio exclusivo de Deus e do povo brasileiro, enfrentando e desmontando o establishment corrupto que nos oprimia há décadas.

Diogo Mello, que participou do ato Pró Bolsonaro no Rio de Janeiro, afirma que todos os movimentos são legítimos, apesar de considerar o ato Fora Bolsonaro incoerente.

"A esquerda criticou nosso ato por conta da aglomeração, mas também aglomerou. Dizem que estão protestando em prol das vidas, de mais saúde, mais vacina. Mas, se expuseram ao vírus. Para mim, isso é hipocrisia. Além disso, acho que precisamos fiscalizar e cobrar mais do Estado e dos municípios, que estão deixando de fazer a parte deles, muitas vezes", frisou.

Já o próprio presidente, ironizou a movimentação e disse que os movimentos estavam vazios, pois, a Polícia Federal estava realizando muitas apreensões e estaria faltando erva.

Fonte: RJNEWSnoticias

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