Um especialista em desenvolvimento infantil, o Dr. Saulo Ciasca, aborda a importância da diversidade na formação da personalidade das crianças, destacando que os gostos individuais estão intrinsecamente ligados a fatores biológicos e genéticos. Segundo ele, a forma como cada indivíduo se desenvolve é influenciada pela exposição a diferentes estímulos ao longo da vida.
O médico ressalta que reprimir os gostos de uma criança pode ser prejudicial ao seu desenvolvimento emocional e psicológico. Tentar forçar uma criança a deixar de gostar de algo que lhe agrada pode gerar confusão e insegurança, levando-a a esconder suas preferências para evitar o julgamento alheio. Essa repressão pode criar um "falso personagem", causando desgaste emocional, ansiedade e baixa autoestima.
O especialista enfatiza que impor roupa ou brinquedo com base no gênero não garante que a criança desenvolverá preferência por esses itens. Um menino que é impedido de brincar com bonecas pode passar a fazê-lo escondido, internalizando a ideia de que seu gosto é errado ou inadequado.
"Não é possível reprimir e fazer uma pessoa deixar de gostar de algo, quando ela descobre que ela gostou [...] Reprimir ou dizer para uma criança que ela não gosta de algo que ela sabe que gosta, pode trazer duas questões: a primeira é deixar a criança confusa e a segunda é a criança aprender a não mostrar esse gosto para as pessoas que a reprimiram." esclareceu o Dr. Saulo.
Dr. Saulo explica que as preferências de crianças e adolescentes podem mudar ao longo do tempo, à medida que amadurecem e desenvolvem sua personalidade. O que agrada a uma criança em um determinado momento pode não fazer mais sentido para ela no futuro, e isso é perfeitamente normal.
É comum que os pais se frustrem quando os filhos não correspondem às suas expectativas, especialmente em relação a questões de gênero. Nesses casos, o especialista recomenda que os pais busquem ajuda profissional para lidar com essa frustração e aceitar as preferências individuais dos filhos. O verdadeiro amor, segundo ele, é amar a pessoa como ela é, e não como se quer que ela seja.
"É muito comum os pais se depararem com filhos que podem ter preferencias diferentes de suas expectativas [...] Isso pode impactar os pais, que vão viver em uma espécie de luto. O luto de uma expectativa e isso precisa ser trabalhado. Porque no final, o exercício de amor é amar quem a pessoa é, não quem você quer que ela seja", enfatizou Saulo Ciasca.
Apesar da importância de respeitar a individualidade da criança, o Dr. Saulo ressalta que os pais e responsáveis devem estabelecer limites claros em relação ao comportamento. As regras são necessárias para garantir o respeito ao próximo e o cumprimento das normas sociais. Ensinar uma criança a não jogar lixo na rua, por exemplo, não tem relação com sua personalidade, mas sim com educação e cidadania.
"Quando a gente fala de limites, uma coisa é a personalidade da pessoa e o que ela gosta [...] Comportamentos que podem conflitar com normas sociais, em questão de respeito ao outro e cidadania. Então se uma criança joga um lixo no chão, basta ensinar que lixo não se joga na rua. Isso não tem relação com personalidade e sim com educação", concluiu o médico.
Em suma, o Dr. Saulo Ciasca defende que o desenvolvimento saudável de uma criança passa pelo respeito às suas preferências individuais e pela definição de limites claros em relação ao seu comportamento. Ao equilibrar esses dois aspectos, os pais podem contribuir para a formação de indivíduos autênticos, seguros e responsáveis.
*Reportagem produzida com auxílio de IA