Nesse contexto, cidades industriais, como Macaé, assumem um papel estratégico e controverso. A cidade, conhecida como "capital do petróleo", destaca-se pelo papel fundamental que exerce no suprimento energético nacional, especialmente através da exploração de combustíveis fósseis na Bacia de Campos e da produção de energia termelétrica.
No entanto, essa posição privilegiada traz consigo uma série de desafios e dilemas: como mitigar os impactos ambientais da exploração de petróleo e gás, e das emissões significativas associadas à sua geração de energia, ao mesmo tempo em que se busca atender à crescente demanda energética do país? O impacto das atividades energéticas em Macaé vai além das emissões de gases de efeito estufa. Há também o aumento de custos para a infraestrutura local, os desafios para a saúde pública, devido à poluição do ar e da água, e as pressões sobre o custo de vida de sua população.
Como equilibrar, então, os interesses econômicos da exploração de energia com os custos sociais e ambientais que recaem sobre a cidade e seus habitantes? Esse é um questionamento essencial para a construção de uma política de sustentabilidade que considere não apenas a urgência climática, mas também o bem-estar e a qualidade de vida da população local.
O Inventário Nacional de Emissões de Gases de Efeito Estufa-GEE, realizado em 2020, publicado em 2021, especifica as contribuições setoriais por Estados da Federação do Brasil das atividades que contribuem para emissão de GEE, publicado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação.
No Estado do Rio de Janeiro, o setor de produção de energia é responsável por 35% das emissões de GEE dos setores econômicos. As emissões do Rio de Janeiro representaram 6% das emissões nacionais e 24% da região Sudeste, em 2016.
Macaé é o polo Industrial que mais contribui para esse volume de emissões no Estado do Rio de Janeiro. A UTE Mário Lago (Complexo Termelétrico Norte Fluminense): A maior termelétrica da região, com capacidade instalada de aproximadamente 1.300 MW. Ela opera com gás natural, sendo uma das principais fornecedoras de energia para o Sudeste; UTE Marlim Azul: Com uma capacidade de cerca de 565 MW, essa usina foi projetada para utilizar gás natural extraído da Bacia de Campos, uma das regiões petrolíferas mais importantes do Brasil e UTE Vale Azul: Com capacidade de aproximadamente 466 MW, também é alimentada por gás natural e faz parte do portfólio de termelétricas do município. Somando essas unidades, Macaé possui uma capacidade instalada de geração térmica de aproximadamente 2.331 MW.