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Receita Federal e o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf )

Por RJNEWS em 21/09/2024 às 05:36:27
Intercâmbio envolveria estados, Receita Federal e Coaf

Intercâmbio envolveria estados, Receita Federal e Coaf

O governo federal pretende criar um centro integrado de informações para as forças policiais regionais, de modo a promover o intercâmbio de dados entre estados, Receita Federal e o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf ), antecipou o secretĂĄrio nacional de Segurança PĂșblica, MĂĄrio Sarrubbo, em um seminĂĄrio na PontifĂ­cia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), nesta sexta-feira (20).

Segundo Sarrubo, a iniciativa busca tratar a segurança pĂșblica de forma integrada e horizontal, com mais transparĂȘncia e eficĂĄcia nas ações policiais em todo o paĂ­s. "Sem inteligĂȘncia, não teremos sucesso. Precisamos encarecer e dificultar a atividade criminosa, unindo as forças policiais com sistemas integrados e governança segura", disse o secretĂĄrio.

O seminĂĄrio Segurança PĂșblica e Democracia, realizado pela Comissão de Direitos Humanos D. Paulo Evaristo Arns e o Instituto Vladimir Herzog reuniu autoridades, especialistas e pesquisadores para debater a segurança pĂșblica no campo democrĂĄtico.

Em outra mesa de discussão, o professor de Direito, jurista e escritor Gabriel Chalita analisou o tema com base no populismo autoritĂĄrio, lembrando de uma frase muito repetida no Brasil em que se diz que "bandido bom é bandido morto" e mostrando a facilidade com que frases desse tipo são assimiladas facilmente.

"E as pessoas vão repetindo isso e dizendo que estão em defesa de sua vida, de sua famĂ­lia, de suas condições. AĂ­ quando vamos falar de segurança pĂșblica de uma forma mais democrĂĄtica e mais correta, a frase não é tão simples, porque o ser humano não é tão simples. Então vamos às origens do que gera violĂȘncia, vai nas construções da sociedade. A neurociĂȘncia nos mostra o que significa a pessoa no seu inĂ­cio, seus processos educacionais, influĂȘncias e desenvolvendo atitudes mais ou menos violentas, mais ou menos ligadas ao respeito humano", explicou.

Para Chalita, o combate real à violĂȘncia e uma polĂ­tica real de segurança pĂșblica discute segurança com educação, com escolas de tempo integral, cuidados com a gestante, ou seja, cuidados desde o inĂ­cio da vida. Ressaltou, no entanto, que essa é uma visão de sociedade que se constrói a médio e longo prazo, mas traz resultados.

"Imaginar que uma polĂ­tica só com polĂ­cias vai resolver o problema de segurança pĂșblica, é não entender da literatura internacional, de paĂ­ses que tiveram grandes problemas ligados à violĂȘncia e conseguiram reverter isso com uma polĂ­tica integrada com vĂĄrias atividades", disse.

Chalita alertou para o perigo dos populismos autoritĂĄrios, jĂĄ que nos tempos atuais, onde hĂĄ "muitas informações não informativas com bombardeios de mentiras vindo de todos os lados".

"É triste que as pessoas não reflitam profundamente sobre todos os fatos, sobre o humano como ser mais complexo. Não apenas pensar em uma dimensão maniqueĂ­sta, se é bandido ou se é não é bandido, ou se é bom ou se é mau. Ou acredita no ser humano, em polĂ­ticas formativas, ou tudo aquilo que a segurança desenvolver serĂĄ só para atender a expectativa das pessoas naquele momento ", destacou o jurista.

O ex-ouvidor das PolĂ­cias e ex-secretĂĄrio de Segurança PĂșblica de Diadema e coordenador do NĂșcleo de Segurança PĂșblica na Democracia do IREE Benedito Mariano avaliou que os mais de 40 anos da transição democrĂĄtica do Brasil não priorizaram ter uma segurança pĂșblica da democracia. Segundo ele, a transição democrĂĄtica deve ao povo brasileiro uma polĂ­tica de segurança pĂșblica que só é possĂ­vel estabelecendo amplas reformas constitucionais e infraconstitucionais do sistema de segurança pĂșblica que ainda é um sistema autoritĂĄrio, anacrônico, com muitas de suas estruturas vindas não só dos perĂ­odos autoritĂĄrios da RepĂșblica, mas do Brasil Império.

"A transição democrĂĄtica do Brasil não teve vontade e decisão polĂ­tica de fazer a segurança pĂșblica na democracia. Tivemos momentos importantes, e São Paulo é o maior exemplo. O governo MĂĄrio Covas foi um marco. Foi o governo que mais implementou polĂ­tica de transparĂȘncia da atividade policial. Criou a primeira ouvidoria da polĂ­cia do paĂ­s, que contribuiu para diminuir alguns Ă­ndices de letalidade policial. Eu acho que a grande contribuição do MĂĄrio Covas foi criar um organismo relacionado à transparĂȘncia da atividade policial, mas nós não fizemos grandes reformas nos sistemas de segurança pĂșblica e nas polĂ­cias", disse.

Benedito Mariano concorda que é impossĂ­vel pensar em uma segurança pĂșblica da democracia sem transversalidade e sem ampliar o debate para envolver as secretarias sociais, como esporte, cultura e lazer e dialogar com os profissionais de segurança pĂșblica.

"A transição democrĂĄtica, a esquerda, o campo democrĂĄtico, dialogou muito pouco com os policiais, e essa falta de diĂĄlogo levou ao crescimento da extrema-direita. E aĂ­ nós estamos vendo a extrema-direita cada vez crescendo mais. EstĂĄ na hora de colocarmos essa discussão de forma mais plural em uma agenda de prioridade para enfrentar algumas narrativas absurdas que começam com a bobagem de que linha dura é sinônimo de ser manso com as organizações criminosas e ser duro com os pobres e negros", finalizou.

Fonte: AgĂȘncia Brasil

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