G20 Rio ratifica Acordo de Paris

Acordo do Clima e transição energética

Por Jorge Aziz em 19/11/2024 às 17:24:17

Foto oficial do Encontro dos chefes de Estados e representantes das Instituições, extraída do site Poder360.com.br

Declaração Final do G20 e a Transição Energética

A Declaração Final do G20, divulgada em reunião recente, reafirma as metas do Acordo de Paris e sublinha a necessidade de ampliar o financiamento climático global. Assinado pelas maiores economias do mundo, o documento reflete o crescente reconhecimento da urgência de ações conjuntas para mitigar as mudanças climáticas e acelerar a transição energética global. No entanto, o texto também expõe tensões entre compromissos declaratórios e ações concretas, especialmente no contexto de países dependentes de combustíveis fósseis, como o Brasil.(Poder360.com.br).

Destaco nesta resenha os pontos principais do documento:

1. Reafirmação das metas do Acordo de Paris

"O G20 reiterou o objetivo de limitar o aumento da temperatura global a 1,5°C acima dos níveis pré-industriais. Isso exige reduções significativas nas emissões de gases de efeito estufa e o alcance da neutralidade de carbono nas próximas décadas".

Apesar de ser um passo positivo, a reafirmação de metas já estabelecidas evidencia uma lacuna entre compromissos globais e ações implementadas. Para o Brasil, que é um dos maiores emissores de carbono devido ao desmatamento e à produção de combustíveis fósseis, o desafio de alinhar-se a essas metas requer a adoção de políticas mais robustas, especialmente na diversificação da matriz energética.

2. Ampliação do financiamento climático

"O documento enfatiza a necessidade de aumentar o financiamento climático, especialmente para países em desenvolvimento. Essa ampliação inclui o cumprimento da promessa de US$ 100 bilhões anuais em ajuda climática pelos países ricos, além de incentivos para a transição energética."

O financiamento é crucial para viabilizar tecnologias limpas e infraestrutura sustentável. No entanto, o atraso histórico no cumprimento dessa promessa por parte dos países desenvolvidos gera desconfiança e limitações práticas. O Brasil, com sua posição estratégica no mercado de carbono e em energias renováveis, poderia se beneficiar diretamente de um fluxo maior de investimentos climáticos.

3. Compromisso com transições energéticas justas e sustentáveis

"O G20 destacou a necessidade de transições que sejam socialmente inclusivas e economicamente viáveis. Isso inclui o abandono progressivo de combustíveis fósseis e o fortalecimento de energias renováveis, como solar, eólica e hidrogênio verde."

Esse ponto é especialmente relevante para o Brasil, cuja economia depende significativamente do petróleo e gás natural, mas que também possui grande potencial em energias limpas. Iniciativas como o hidrogênio verde e a expansão de fontes renováveis representam oportunidades para liderar a transição energética global, embora demandem um planejamento estratégico que equilibre interesses econômicos e ambientais.

Implicações para o Brasil e a Transição Energética

A posição do Brasil no G20 é ambivalente. Por um lado, o país possui uma matriz energética relativamente limpa, com grande participação de hidrelétricas e um setor crescente de energia solar e eólica. Por outro lado, sua dependência da exploração de petróleo, especialmente na Bacia de Campos e no pré-sal, coloca desafios à transição energética.

1. Financiamento climático como oportunidade

A ampliação do financiamento climático pode ser uma chance para o Brasil modernizar sua infraestrutura energética e investir em tecnologias de baixo carbono. Contudo, isso exige do governo brasileiro uma postura proativa na busca por recursos internacionais, articulada com iniciativas como o mercado de crédito de carbono.

2. Pressão para abandonar combustíveis fósseis

A transição energética global impõe ao Brasil a necessidade de diversificar sua economia, reduzindo a dependência do petróleo e gás. A médio prazo, a expansão de termelétricas em regiões como Macaé, embora econômica, agrava as emissões e contraria o espírito do Acordo de Paris.

3. Justiça climática e inclusão social

A transição energética deve ser inclusiva, considerando as populações vulneráveis que dependem das indústrias de combustíveis fósseis para sua subsistência. Para o Brasil, isso significa garantir alternativas econômicas e investimentos em capacitação para os trabalhadores afetados.

Concluo, que a Declaração Final do G20 reflete a urgência da ação climática e a importância do financiamento como catalisador da transição energética. Para o Brasil, ela apresenta desafios e oportunidades. A transição para uma economia de baixo carbono não é apenas uma exigência ambiental, mas também uma estratégia econômica e geopolítica crucial para o futuro. Aproveitar essa janela de oportunidade requer um compromisso firme do governo, alinhado a uma visão de longo prazo que priorize a sustentabilidade, a inclusão e a inovação.


Fonte: Análise do autor da coluna sobre a contribuindo Encontro G20, Rio para o Acordo do Clima e a Transiç

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